Moda e futebol americano coexistem em perfeita harmonia na rotina de Ju Romano, a jornalista de 27 anos que se recusa a ver o mundo em preto e branco. Dona de uma personalidade multicolorida, que extrapola qualquer rótulo, a paulistana é seguida de perto por milhares de pessoas em diferentes canais — só no Instagram, por exemplo, são quase 180 mil.
Em um bate-papo exclusivo concedido ao MECA, Ju nos conta sobre responsabilidades, auto-estima e girl squad — e você confere a entrevista na íntegra a seguir.
Por que o seu corpo é um bom lugar para se estar?
Porque cada pedacinho e cada curva dele diz muito sobre a minha história. Ele me permite desenvolver 100% do meu potencial. É o único dessa espécie. E eu me sinto confortável nele.
Onde garimpa peças para compor seus looks bafo?
Eu gosto de ter peças-chave no meu acervo, aquelas que fazem a diferença. Um sapato diferentão, um casaco estampado, uma bolsa brilhante. Acho que as coisas que destoam do comum mostram muita personalidade. Ganho muita coisa legal. E toda vez que encontro algo que cabe no meu estilo e acho que não vou encontrar tão fácil, tento comprar. Se não tem dinheiro na hora eu salvo e deixo pra depois (risos). Mas não compro nada em lojas de luxo, eu curto mesmo é de lojinha, Ali Express, 25 de março. Eu gosto de achado e barato, sabe?
Você sempre está cercada de mulheres. Qual é a sua girl gang?
Eu tô seeempre com mulheres. Só ando com mulher. É um negócio louco. As pessoas até duvidam que eu seja heterossexual. Enfim, eu amo as meninas, me divirto muito. Eu ando muito com as meninas do mundo plus-size, que são também do futebol americano.
O que fazem juntas?
A gente faz qualquer coisa junta. Amizade legal é essa. Mas a gente tem um grupo que chama “Varanda da Ju”, e nos encontramos pelo menos uma vez no fim de semana na minha varanda para tomar cerveja, conversar e dar risada. Ou dançar, ou viajar juntas. Pelo menos uma vez por semana a gente se encontra para contar como foi a semana. Bebendo umas. A gente treina de sábado à tarde, então facilita a galera vir para minha casa depois.
Você se tornou referência para muitas pessoas. Quando você se deu conta que sua imagem poderia ser tão poderosa?
A partir do momento que a primeira leitora mandou um recado ou um email falando que tinha feito diferença na vida dela eu percebi que, de fato, eu tinha feito algo. Eu recebo muitas mensagens de meninas de longe, de outras cidade e até de outro país contando histórias de vida. É quando percebo que meu trabalho nas redes, no blog, tem de fato o poder de alcançá-las. É incrível poder mudar uma vida que você nem chegou perto. É mudar uma vida à distância. Eu fico feliz demais.
Sente algum peso nisso?
É claro que sinto um peso e uma responsabilidade. As meninas que seguem meus perfis e me lêem, elas veem em mim alguma coisa que elas podem ser. Seja na questão da auto-estima, da autoconfiança, ou até na carreira, na vida social… eu gosto que elas olhem pra mim e percebam que uma menina gorda fez tudo. É bem sucedida na carreira, na vida social… uma mulher gorda pode. Qualquer mulher pode. Com qualquer tipo de corpo que ela tiver. Eu sinto a responsabilidade de mostrar que a vida não é perfeita para ninguém. Eu sempre falo que não sou perfeita. Não sinto pressão de seguir um padrão comportamental. Apesar de ser “influenciadora”, não é o meu papel ser o exemplo de vida de cada uma. Meu corpo é meu, o que eu faço é da minha conta. Você não precisa querer as mesmas coisas que eu. Mas sinto a responsabilidade de mostrar que é possível
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O que é seu que você não abre mão por ninguém?
O meu corpo é meu. Nunca deixaria alguém opinar. Quer dizer, pode opinar à vontade, eu só não vou ouvir, eu nunca daria o poder de escolha sobre o meu corpo para outra pessoa. Eu escolho como eu me visto, como eu me porto, quantos quilos eu peso, qual o número da minha calça. Eu nunca deixaria que outra pessoa escolhesse isso, seja namorado, família, leitora. O corpo é meu. Eu não abro mão disso por nada. Essas escolhas são minhas e sempre vão ser.