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Ela trabalhou em alguns dos restaurantes mais estrelados do mundo, co-mo El Celler de Can Roca, na Espanha,e foi um dos nomes mais incensados da gastronomia paulistana na década passada. Mas foi redescobrindo a culinária brasileira e investindo em técnicas tradicionais que a chef Bel Coelho criou sua assinatura e encontrou um propósito para cozinhar. Nos menus de suas duas empreitadas, o Clandestino e o Canto da Bel, ganham espaço relei-turas de pratos típicos que ela conheceu Brasil adentro. Apoiados em ingredientes nacionais, os pratos são desenvolvidos a partir de temas como os orixás. Aqui, Bel fala sobre seu processo criativo e de onde vem a inspiração para as cores e texturas do que serve.

O que te inspira?
Muitas coisas. Os ingredientes são os primeiros da lista. Mas a comida regional e outras artes também. O cinema, a música e o teatro me abrem um canal interessante. Não é uma relação necessariamente racional. Mas algo me pega, por exemplo, quando assisto a um filme com uma fotografia muito bonita. Não sei explicar, mas é como se eu relaxasse. E, claro, outros chefs também.
Você gosta de cozinhar em casa?Gosto. E não é todo chef que consegue não, viu? Mas tenho espaços e movimentos bem definidos quando estou em casa e quando estou trabalhando. Tem hora que cansa também, e eu quero sair para comer fora ou tenho vontade de que façam algo para mim. Mas sempre gostei de ficar na cozinha, desde criança. Eu sempre queria mexer nas coisas. Era mais o fazer do que o comer que me interessava.

Você tem outro hobby?
Leio toda noite. Gosto, principalmente, de romances. Autores são muitos: Paul Auster, Guimarães Rosa, Clarice Lispector… Escritores que criam outros universos. Eles me tiram um pouco da realidade. A rotina nua e crua, de pagar contas e cuidar das compras, é nada inspiradora.

Como é o processo de criação de um menu?
Depende do menu e do que eu quero fazer. E se tem um tema, como os orixás, ou se é mais livre. Mas demora. Primeiro coloco o que vem à cabeça no papel. Depois converso com a equipe. Passo as minhas ideias e escuto as deles. Juntos, pensamos nas técnicas para executar o trabalho. E só então vamos testar para ver se dá certo. Às vezes não fica bom. Às vezes o prato tem potencial, mas falta algo. Testamos por uma semana, mas fico um mês inteiro trabalhando num cardápio.

E tem momentos em que você trava?
Já tive momentos de bloqueio ou de demorar muito para conseguir sair do lugar. Foi até por isso, eu acho, que coloquei a mim mesma o desafio de criar em cima de temas no Clandestino e no Canto da Bel .

O que faz quando trava?
Normalmente, gosto de ir a um lugar mais calmo, circular por outras artes, abrir esse outro canal. Quando há tempo, também costumo viajar.
Já que citou o Clandestino, de onde mais vem o interesse por esses novos modelos de negócio?
Fechei o meu restaurante porque não dava mais lucro. Ao mesmo tempo, estava começando a gravar um programa e engravidei. Entrei num processo de questionar minha carreira e a maneira como me coloco no mercado. Claro que também foi uma escolha alinhada aos meus anseios. Queria ter mais controle sobre minha rotina. Hoje, nesse formato, tenho liberdade.

E como é essa escolha de ser mãe e continuar a trabalhar?
Não é nem uma coisa de querer. Com a chegada do segundo filho, não tinha outra opção. Mas é bom não ficar só na maternidade, ela te entorpece. Pode ser entediante também, principalmente para quem sempre trabalhou. É caótico, mas me dá energia. Até porque tem dias que você quer ir embora e não ter filho. Supernormal. As pessoas não comentam isso para não desestimular . Mas há uma recompensa enorme.

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