DNA itinerante
Avanços na tecnologia de análise genômica criam um novo tipo de viagem: o turismo de ancestralidade. A novidade promove o reencontro de viajantes com sua origem desconhecida.

A nova tendência de turismo está calcada em uma ideia bastante antiga: a ancestralidade. Mas, diferentemente da viagem que seus pais fizeram para o sul da Itália para conhecer a cidade de seus tataravós, os roteiros atuais podem abranger uma infinidade de destinos. Isso porque eles são criados a partir de informações contidas em seu DNA.
Com uma simples amostra de saliva, é possível realizar um teste de Ancestralidade Global, que remonta as origens de seu código genético em um mapa múndi, mostrando de quais povos e regiões do mundo provêm seus genes.
O resultado, que demora cerca de dois meses, surpreende até mesmo quem imagina conhecer a fundo sua história, já que revela muito mais informações do que a memória familiar ou os documentos podem registrar – dados tão antigos que precedem a criação do papel ou mesmo do conceito de família.
A partir dessas informações, agências de viagem como a britânica Travel Unwrapped traçam roteiros com experiências superexclusivas. Um dos clientes do “Projeto Raízes” da agência Teresa Perez, a primeira no Brasil a oferecer esse tipo de viagem, descobriu em seus resultados motivos suficientes para uma volta ao mundo: seus genes eram de povos originários de cinco regiões diferentes do planeta.
Entre as sugestões de roteiro estavam possibilidades de vivenciar o cotidiano dos mongóis nômades ou de travar contato com povos locais de diferentes tribos do Quênia e da Tanzânia, por exemplo. “O diferencial do programa é incentivar o cliente a se aprofundar nas culturas de seus antepassados. Todas as experiências são criadas com esse intuito, e são enriquecedoras”, explica Tomas Perez, presidente da companhia.
A oportunidade de descobrir as origens de seus antepassados e entrar em contato com seus hábitos alimentares, cultura e estilo de vida desperta interesse ao redor do mundo, conforme aponta uma pesquisa da plataforma de reserva de viagens Momondo.
Segundo o estudo, que ouviu 7.292 pessoas em 18 países (incluindo o Brasil), 53% dos entrevistados gostariam de aprender mais sobre países e regiões nos quais descobriram ter suas origens, e 46% gostariam de viajar para os mesmos.
De olho nessa tendência, o MECA pretende, no futuro, lançar seu próprio serviço de viagens personalizadas: o MECATrips. Afinal, a era dos roteiros turísticos óbvios e impessoais parece estar com os dias contados.